Terminei minha primeira Cicloviagem!
- valordaagua
- 20 de mar. de 2022
- 3 min de leitura
Terminei minha primeira Cicloviagem! Estou bem feliz. Quando eu iniciei, "malemá" sabia remendar meu pneu murcho. Se eu pudesse, faria uma lei que daria folga de um ano para todo mundo que quisesse fazer uma cicloviagem.
Acreditem, não é difícil fazer uma cicloviagem. O mais difícil é decidir fazê-la. Quando você está realizando o percurso, é uma delícia conhecer culturas, culinárias e pessoas, traçar novos caminhos e tomar decisões de onde parar para descansar e fazer comida. Agora, tomar a decisão de abrir mão de coisas que se tem e sair da zona de conforto é terrível.
Eu decidi fazer a minha primeira cicloviagem em 2012. Fui planejando como seria e junto com o planejamento fui crescendo profissionalmente, acumulando bens, fortalecendo vínculos familiares, amorosos, afetivos, empregatícios e todos os outros vícios que uma vida estabilizada oferece.
Decidi uma data e fui tentando me desvincular de tudo isso aos poucos. Essa fase foi meu inferno astral. Foi muita tensão e quase desisti. Era meu melhor momento profissional, minha vida estava uma delícia de se viver. Tudo estava tranquilo com bons planos para casar e envelhecer tranquilo. Meu namoro era perfeito, tinha acabado de ficar sócio em uma empresa. Estava muito feliz com as turmas em que dava aulas e a resposta dos alunos era sempre boa em todas as escolas que trabalhava.
Mas a ideia que enfiei na cabeça em 2012 não me deixava em paz. Felizes os ignorantes, disse Cazuza. Eu acho que são felizes os sem iniciativa, porque não se incomodam com a calmaria da vida. Com a mesmice de sempre.

Foi um calvário por vez. Cada decisão tomada para chegar ao objetivo de realizar a cicloviagem era uma tremenda dificuldade. Quebrar vínculos fortes é sempre uma decisão complicada e dolorida. O namoro, os empregos, a estabilidade e a venda do carro para bancar a viagem foram calvários difíceis de subir. Seis meses de inferno astral absoluto. Onde deixar meus instrumentos musicais, minhas camisas do Corinthians, meus livros. Meu “apertamento” ficaria alugado e eu não tinha onde deixar minhas coisas. Mas queria muito tê-las quando voltasse. Sempre acompanhado da eterna dúvida!
Será que vai dar certo? Será que eu volto? Porque quando estamos em nossa zona de conforto, a sensação é de que temos controle sobre tudo o que ocorre em nossa vida e de que tudo está tranquilo. Gigantesco erro pensar assim. Não controlamos nada, mas quando se decide viver pelas “BR’s” sem saber onde vai dormir ou o que vai comer, a sensação de que se pode morrer mais fácil é maior.
Hoje, como deu tudo certo, estou aqui para escrever este texto. Valeu muito a pena ficar um ano fora. Já consegui emprego e a vida já está voltando para sua zona de conforto. Agora estou com a mente mais tranquila e sem momentaneamente se propor nenhum outro desafio. Estou mais calmo, bem feliz e com planos para daqui a cinco anos. Tempo útil para trabalhar e comprar outro carro, criar vínculos e laços para depois talvez quebrá-los novamente e fazer outra ciclojornada. Quem sabe o que nós reservamos para viver.

Uma dica para os cicloviajantes: se passarem pela cidade do Rio de Janeiro realizando uma ciclojornada, vocês conseguem cinco dias grátis de hospedagem no hostel El Misti Botafogo. Vale muito a pena ficar lá, ainda mais na faixa.
Para finalizar, um adendo. Eu não sei o porquê o assunto “água” sempre me incomodou. Formei-me em Geografia e sempre tentei voltar a atenção dos alunos para as questões ambientais voltadas para o setor hídrico. No meio da viagem, iniciei o Pedalagua www.pedalagua.com e neste momento estou na cidade de São Paulo para angariar parceiros para a realização do documentário sobre o valor da água para o brasileiro.
Abaixo segue o link com os episódios do documentário “Qual o valor da água para você?” https://www.youtube.com/watch?v=0XkXw6qBRVo&list=PL14AkZcp2YRewom3m42Lcwiz5sP_4Tdf2 )


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